segunda-feira, 16 de junho de 2014

Acidez ativa e acidez potencial do solo

                As considerações realizadas até aqui levam à necessidade de enunciar dois termos: “acidez ativa” e “acidez potencial” do solo. Na figura 6.1, estão representados, esquematicamente, os componentes da acidez do solo: a acidez ativa (na fase líquida) e a acidez potencial (na fase sólida). A acidez ativa refere-se à concentração dos íons H⁺ na solução do solo, e a sua medida é expressa pelo índice pH, que é igual ao logaritmo negativo da concentração molar de H⁺ na solução, conforme expressão (6.4):

      pH = -log [H⁺]                                                                                                               (6.4)

                Soluções com pH igual a 7 são neutras, isto é, a concentração de H⁺ é igual à concentração de OH⁻, ou seja, 1 x 10⁻⁷ M. A determinação do pH do solo é feita numa suspensão da amostra do solo com água destilada, geralmente na proporção de 1:1 (uma parte de solo para uma parte de água). Na tabela 6.3, indica-se a classificação genética do solo em função do valor do pH em água.

Tabela 6.3 Classificação do solo em função do pH (adaptado  de Volkweiss, 1989).
pH (água)
Classificação
<5,0
Extremamente ácido
5,0 – 5,5
Muito ácido
5,6 – 6,0
Ácido
6,1 – 6,5
Pouco ácido
6,6 – 7,0
Aproximadamente neutro
7,1 – 7,5
Pouca alcalino (ou básico)
7,6 – 8,0
Alcalino (ou básico)
>8,0
Muito alcalino (ou básico)
            
    A acidez potencial corresponde às substâncias ou aos compostos que liberam íons H⁺ para a solução do solo, causando uma acidificação do meio (reações 6.2 e 6.3). estas incluem, como já visto, o Al³⁺ trocável adsorvido às cargas negativas das argilas e dos grupos funcionais COOH e OH da matéria orgânica. Da mesma forma,OH2 e OH ligados às superfícies dos óxi-hidróxidos de ferro e alumínio e os existentes nas bordas dos argilominerais podem, também, dissociar íons H⁺ para solução do solo, conforme pode ser observado na figura 6.2.

6.1.3 A correção dos solos ácidos
                Como visto, a acidez do solo é produto da ação dos agentes do intemperismo sobre a rocha matriz que solubiliza os minerais nela presentes. Os mais solúveis (cálcio, magnésio, potássio e sódio) são percolados, enquanto aqueles que formam compostos menos solúveis, como o alumínio, são acumulados.            
                A correção da acidez é feita com a aplicação ao solo, através da pratica da calagem, de substancias que geram íons (oxidrila e bicarbonato) capazes de neutralizar os íons H⁺. Os calcários agrícolas, compostos principalmente por carbonatos


FASE SÓLIDA
 
  


Figura 6.1 Representação esquemática da acidez potencial e da acidez ativa do solo (adaptado de Quaggio, 1986).
Figura 6.2 componentes da acidez potencial dos solos (adaptado de Volkweiss, 1989).
de cálcio e de magnésio, são os mais utilizados, apesar de serem muito pouco solúveis (< 1,0 g L⁻¹).
                Ao ser misturado com o solo, o carbonato se dissolve e reage com água, conforme as reações (exemplifica-se com o CaCO3; as mesmas ocorrem para o MgCO3):



Observa-se que a dissolução de umamolecula de carbonato gera duas moléculas OH⁻ que podem neutralizar os íons H⁺ que estão sendo hidrolisados e dissociados das fontes potenciais da acidez, conforme as reações (6.8; 6.9)


                Quando os oxidrilas e os íons bicarbonato reagem neutralizando os íons H⁺ que se encontram na solução do solo, provenientes da dissociação da matéria orgânica e da hidrolise do alumínio, o pH do solo começa a se elevar. À medida que os íons H⁺ são neutralizados, os sítios de troca do solo, nas superfícies dos minerais e da matéria orgânica, vão sendo ocupados pelos cátions Ca²⁺ e Mg ²⁺, aumentando, assim, a saturação de bases do complexo de troca do solo (CTC).
                As reações (6.5 a 6.9) se deslocam da esquerda para a direita, até que os íons H⁺ sejam neutralizados, ou se esgote o carbonato disponível para a reação.
                Solos com o mesmo valor de pH em água, não precisam, necessariamente, da mesma quantidade de carbonatos para neutralizar a acidez. Aliás, o que comumente acontece é que eles necessitam de doses diferentes de carbonatos, das fontes potenciais de acidez existentes, conforme pode ser observado na tabela 6.4.
                Para fins didáticos a relação entre a acidez potencial, a acidez ativa, a capacidade de tamponamento do solo (resistência à mudança do pH) e a necessidade de calagem para corrigir o solo a um determinado valor de pH pode ser melhor compreendida pelo observação da figura6.3. Nesta, com bases no princípios dos vasos comunicantes, são representados dois solos, um com alto poder de tamponamento (A) e o outro com baixo poder de Tamponamento (B). Ambos os solos têm o mesmo pH em água (acidez ativa), por exemplo, 4,2, que na figura é representado pela mesma quantidade de íons H⁺ no compartilhamento da direita. A acidez potencial dos solos, que se deve principalmente ao alumínio trocável e à matéria orgânica, é representada pelo compartimento maior da esquerda.

                                               Necessidade de calcário = 6,5 tha⁻¹
                                               Necessidade de calcário = 2,8 t ha⁻¹

H⁺ = íons hidrogênio dissociados dos grupos – COOH e –OH da matéria orgânica e das reações de hidrólise do alumínio, principalmente.
Figura6.3 Representação do poder de tamponamento de dois solos com mesma acidez ativa(pH = 4,2) e diferente necessidade de calcário para elevar o pH a 6,0 em função da acidez potencial.

Tabela 6.4 Fatores da acidez e quantidade de calcário necessária para elevar o pH a 6,0 em alguns solos do Rio Grande do Sul (adaptado de Kaminski, 1974).



Solo


pH


M.O.

Al³⁺
trocável

H
Titulável


Argila
Necessidade
Calcário
pH 6,0


          g kg⁻¹
                 Cmolc
Kg⁻¹
          g Kg⁻¹
          t ha⁻¹
Latossolo Vermelho
4.2
4.7
2.3
5.4
650
8.1
Latossolo  Roxo
4.2
5.6
3.8
6.8
520
11.7
Latossolo Bruno
4.2
6.4
4.9
9.4
730
17.9
Argissolo Vermelho
4.2
2.9
0.6
3.7
250
4.1
Cambissolo Húmico
4.2
7.6
5.5
11.0
670
16.3









                Observa-se que, no solo com maior poder tampão (A), há maior quantidade de H⁺ no compartilhamento da esquerda do que no solo com menor poder tampão (B). embora tenham uma acidez  potencial ou de reserva diferentes, eles mantêm a mesma quantidade de íons H⁺ na solução, tendo, portanto, o mesmo pH.
                Percebe-se, então, que, para esgotar os íons H⁺ (acidez potencial) que mantem a mesma quantidade de íons na solução de ambos os solos, é necessário utilizar muito mais carbonatos no solo de maior tampão (solo A) do que  no de menor poder tampão (B). É o que explica, com referido anteriormente, porque solos com o mesmo valor de pH em água (acidez ativa) podem necessitar de doses diferentes de calcário para corrigir o pH do solo, isto é para neutralizar as fontes potenciais de acidez.
                Além dos termos já definidos de acidez ativa e acidez potencial, outros termos são empregados para caracterizar diferentes “formas” de acidez em solos:
a)      acidez trocável – representa a soma do Al³⁺ e do H⁺ trocáveis. É a quantidade de Al³⁺ e de H⁺ que é deslocada para a solução por um sal neutro, usualmente KCl 1mol L⁻¹.
b)      acidez não-trocável – é a quantidade de Al³⁺ e de H⁺ que não é deslocada para a solução por um sal neutro, usualmente KCl 1 mol L⁻¹. Está associada aos ácidos fracos do húmus, ao Al complexado pela matéria orgânica e ao Al retido fortemente nas superfícies dos minerais
c)       acidez titulável ouacidez neutralizável – representa a quantidade de H⁺ e Al³⁺ do solo que é necessário para elevar o pH até determinado valor. É composta da acidez trocável e de parte da acidez não-trocável, geralmente simbolizada por H+Al. É extraída por solução tamponada, no valor do pH desejado. Comumente, é utilizado o acetato de cálcio a pH7.

6.1.4 Efeito da calagem na disponibilidade dos nutrientes para as plantas
                A correção da acidez do solo, pela calagem, eleva o seu pH, o que afeta as suas propriedades químicas e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
                A disponibilidade dos principais nutrientes para as plantas é afetada conforme descrito a seguir:
a)                  Cálcio e magnésio -  a medida que o calcário se dissolve no solo, libera Ca2+ e Mg2+, que são adsorvidos nas cargas negativas da matéria orgânica, argilas e óxidos. Assim, a calagem aumenta a quantidade desses cátions na fase solida e na solução do solo, o que aumenta a sua disponibilidade para as plantas;
b)                 Fósforo, molibdênio e enxofre – a dissolução do calcário aumenta também a concentração de íons OH-(Reações 6.5 e 6.6), os quais podem deslocar para a solução do solo, por troca de ligantes, o fosforo, o molibdênio e o enxofre, adsorvidos como complexos de esfera-interna nos oxidos de ferro e alumínio, aumentando, assim, a quantidade desses nutrientes em formas disponíveis para as plantas, conforme as reações:
                                                        OH
                                                         ǀ
Fe−O−P = O    +  OH⁻ ↔ Fe−OH + H2PO4⁻       (6.10)
                                                                          ǀ         ǀ                                 ǀ
                                                                         O       OH                             O
                                                                          ǀ                                           ǀ
                                                                         FeOH                                  Fe OH

                                                       O
                                                        ǁ
Fe−O−Mo - OH  +  OH⁻ ↔ Fe−OH + HMoO4⁻       (6.11)
                                                                       ǀ          ǁ                                  ǀ
                                                                      O        O                                 O
                                                                       ǀ                                              ǀ
                                                                     FeOH                                      Fe OH

                                                           O
                                                            ǁ
Fe−O−S - O  +  OH⁻ ↔ Fe−OH + SO4²⁻        (6.12)
                                                                     ǀ        ǁ                             ǀ
                                                                     O       O                           O
                                                                             ǀ                                       ǀ
                                                                           FeOH                                Fe OH

c)                  Boro, cobre, zinco e manganês – a disponibilidade desses nutrientes para as plantas diminuem com a elevação do pH do solo, por formarem complexos de esfera-interna com os óxidos de alumínio e ferro:
OH
ǀ
Fe−ǀOHǀ + H3 BO3 + OH⁻ ↔ Fe −O−B−OH + H2O         (6.13)
                                                                  ǀ                                                  ǀ           ǀ
                                                                 O                                                O         OH
                                                                  ǀ                                                  ǀ
                                                                 FeOH                                         Fe OH


Fe−ǀOHǀ + M²⁺  + OH⁻ ↔ Fe −O−M⁺−O−M⁺ + H2O     (6.14)
                                                                   ǀ                                            ǀ           
                                                                  O                                          O        
                                                                   ǀ                                            ǀ
                                                                 FeOH                                    Fe OH

                O M²⁺ representa um íon Cu²⁺, Mn²⁺ ou Zn²⁺. O íon Mn²⁺ tem também a sua disponibilidade para as plantas diminuída devido à seguinte reação de oxidação favorecida pela elevação do pH do solo:

2Mn²⁺ + O2 + 4 OH⁻ = 2MnO2 + 2H2O                                           (6.15)

                Estes três íons também podem formar complexos com as substancias humicas derivadas da matéria orgânica do solo, conforme mostrado na reação 6.16, em que M²⁺ representa um desses íons. Dependendo da constante de estabilidade (Kcond) do complexo formado, ele pode permanecer solúvel na solução e ficar em forma disponível para as plantas.
Matéria
Orgânica

 
     
Matéria
Orgânica

 
                             −COOH + M²⁺ + 2OH⁻↔             −     − COO + H2O (6.16)        


6.1.5 Utilização do gesso agrícola em solos ácidos

                O gesso (CaSO4.2H2O) tem sido utilizado em solos ácidos, para melhorar o ambiente radicular das plantas, e na recuperação de solos afetados por sais (item 6.2). O gesso pode ser obtido em jazidas naturais (gipsita), que ocorrem no Nordeste do Brasil, ou como subproduto da produção do ácido fosfórico na indústria de fertilizantes.
                O gesso agrícola pouco afeta o pH do solo, não mais do que 0,3 unidades, mesmo quando aplicado em doses elevados, pois sua reação no solo não libera íons oxidrila ou carbonato. Entretanto, em solos ácidos, pode diminuir a toxicidade do alumínio para as plantas, reduzindo a atividade do Al3+ na solução do solo pelo aumento da quantidade de Ca2+e SO4²-.

                A dissolução do gesso no solo ocorre conforme a reação (6.17):

                                               CaSO4.2H2O → Ca²+ + SO4²- + 2H2O           (6.17)

                Os íons Ca²+ e SO4²- liberados para a solução podem percolar para camadas mais profundas do solo. O incremento do teor de Ca²+ em profundidade aumenta a relação Ca:Al, o que resulta numa melhoria do ambiente radicular pela diminuição da atividade do alumínio. Outro mecanismo que diminui a atividade do alumínio em solos, devido à aplicação do gesso, é a precipitação de compostos sólidos de alumínio pelo íon sulfato, como a jurbanita (AlOHSO4.%H2O), basaluminita [Al4(OH)10SO4.5H2O] ou alunita [KAl3(OH)6(SO4)2].

                O gesso tem sido utilizado em pomares e áreas florestais, para melhorar o ambiente radicular em solos ácidos, onde é inviável, economicamente, fazer a correção da acidez com a aplicação do calcário em profundidade. É necessário destacar que os anions SO4 ²-favorecem a descida do Ca²+ no perfil do solo, mas podem favorecer também a percolação de outros cátions, como o Mg²+ e o K+.

6.2 SOLOS AFETADOS POR SAIS               

                Os solos afetados por sais podem ser classificados como salinos (apresentam alta concentrações de sais solúveis), sódios ( com altas concentrações de sódio trocável) e salino-sódicos ( apresentam altas concentrações de sais e de sódio trocável). Estima-se que esses solos compreendam cerca de 10% do total da área de solos cultiváveis no mundo. Os solos afetados por sais ocorrem em muitos países dos hemisférios norte e sul. No Brasil, ocupam área significativa da região nordeste, ocorrendo também em áreas restritas de outros estados.
                 Os íons mais comuns em solos salinos são os cátions Na+, Ca2+, Mg 2+, K+, e os ânions Cl-, SO42-, HCO3 -, CO3 2- e NO 3-, formando sais como cloreto, sulfatos, nitratos, carboidratos e bicarbonatos, que são bastante solúveis.
                A presença de grandes quantidades de sais nos solos deve-se a) ao material origem do solo ; b) à ausência ou escassez de chuvas nas regiões de clima árido e semi árido, onde não ocorrem precipitações suficientes para percolar os sais solúveis do solo que consequentemente acumulam c)à alta evapotranspiração; b) salinização pela água do mar;e) à ascensão do lençol freático; f) à água de irrigação, entre outros .

6.2.1 Caracterização dos solos afetados por sais
                Os principais parâmetros utilizados para caracterizar os solos afetados por sais são a condutividade elétrica do extrato de saturação, o pH e o teor de sódio trocável.
a)      Condutividade elétrica (CE) – íons em solução conduzem corrente elétrica. Quanto maior a concentração salina, maior a concentração de íons e mais intensa a corrente conduzida pela solução. A CE é determinada em extrato resultante da saturação do solo com água. A unidade empregada para expressar a condutividade elétrica é o Siemens (dS m¹).
b)      pH do solo – como os solos afetados por sais são geralmente alcalinos, sua determinação também é importante para caracterizar esses solos.
c)       Porcentagem de saturação de sódio trocável (PST) – esses índice indica a saturação do comprexo de troca do solo pelo íon sólido. É obtida pela relação entre o teor de sódio trocável e a CTC do solo (6.18):

PST % = Na/CTC x 100           (6.18)

d)      Relação de absorção de sódio (RAS) – representa a relação entre as concentrações de Na+ e as concentrações dos íons divalentes Ca2+ e Mg2+, expressas em mmol L-1, no extrato de saturação do solo. É calculada pela relação (6.19):

RAS = [Na+] / [(Ca2+ + Mg2+)/2]¹/²          (6.19)




6.2.2 Classificação dos solos afetados por sais



Os solos afetados por sais, de acordo com os parâmetros descritos no item anterior, podem ser classificados com solos salinos, solos sódicos e solos salino-sódico (Tabela 6.5).

Nos solos salinos, a concentração de sais é elevada, a ponto de restringir o crescimento das plantas. Devido à alta concentração de sais, os solos se tornam floculados, são permeáveis e não apresentam problemas da natureza física. Esses solos podem ser recuperados pela percolação de água de boa qualidade (baixa concentração de eletrólitos) no perfil. A eficiência desse procedimento pode ser limitada por fatores, com baixa condutividade hidráulica do solo e drenagem deficiente.

Tabela 6.5 Classificação dos solos afetados por sais( adaptado de Sparks, 1995).
Classificação
CE
dS m¹
pH
PST
%
Salino
>4
<8,5
<15
Sódico
<4
>8,5
>15
Salino-Sódico
>4
<8,5
>15

                Nos solos sódicos, o teor de Na é alto, causando problemas químicos e fisicos, alem de limitar o crescimento das plantas. O excesso de sódio no solo provoca a dispersão da argila e quando o teor é muito alto , pode ocorrer também a dispersão da matéria orgânica.
-Na
-Na
 
                Os solos salinos-sodicos apresentam características semelhantes às dos solos salino, porem possuem maior concentração de sódio. Devido à predominância de catiosdivalentes, apresentam boa estrutura física e alta permeabilidade. A recuperação desses solos envolve a combinação das praticas recomendadas para os solos salinos e sódicos. Os solos afetados por sais podem ser melhorados com a percolação com água de boa qualidade, no caso dos solos salinos, e com a aolicação do gesso agrícola (CaSO4, H2O), no caso dos sólidos e salino-sólidos. A utilização do gesso na recuperação desses solos está baseada na seguinte reação de troca(6.20):

SOLO       + CaSO4 2H2O↔ SOLO = Ca+Na2SO4+H2O                 (6.20)


                Como o calculo é mais fortemente adsorvido que o sódio, a reação tende para direita, com a formação do sulfato de sódio, que deve ser removido por percolação com água de boa qualidade.

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